Uma sessão solene no plenário da Câmara dos Deputados marcou, nesta quarta-feira (23), as celebrações em homenagem ao centenário do Partido Comunista do Brasil (PCdoB).

Criado em 25 de março de 1922, o partido construiu uma trajetória de atuação marcante em diferentes frentes, como nos movimentos dos trabalhadores, das mulheres e da juventude, que conseguiu angariar respeito do povo e profunda inserção no quadro político brasileiro.

O líder do PCdoB na Câmara, deputado Renildo Calheiros (PE), abriu e presidiu a sessão. Ao fazer sua saudação aos presentes, ele ressaltou alguns aspectos da trajetória da agremiação e lembrou a determinação e coragem dos operários e intelectuais progressistas que se reuniram clandestinamente na cidade de Niterói (RJ) para criar o Partido Comunista do Brasil.

“Em 100 anos de atividade, tivemos apenas 37 anos e meio de legalidade. O restante foi todo na ilegalidade ou na mais completa clandestinidade”, observou Renildo.

“Em todo o período, mesmo na clandestinidade, o Partido sobreviveu e participou ativamente das mais importantes lutas políticas travadas pelo povo brasileiro. Das campanhas em defesa do monopólio estatal do petróleo, à luta firme e resoluta pelo fim do regime militar e em defesa da liberdade e da democracia, a legenda dos comunistas sempre esteve de braços dados com o povo, defendendo seus ideais de justiça, liberdade e democracia”, acrescentou.

O líder da Bancada assinalou que a história mostrou que a sigla se fez necessária no passado e se mostra pronta e capacitada para o presente e futuro, “porque é um Partido com propostas, com um programa para o desenvolvimento e porque tem ideário de lutas a travar”.

Unidade

A presidente nacional do PCdoB, Luciana Santos, apontou que um dos traços mais marcantes da história do partido é ter sido sempre “uma legenda de princípios, de atuação combativa pelos seus ideais e, ao mesmo tempo, que cultiva efetiva convivência democrática com os partidos, parlamentares e autoridades dos demais poderes da República”.

Luciana agradeceu a presença das lideranças de várias siglas com representação no Legislativo, de representantes diplomáticos e homenageou as diversas gerações de militantes e dirigentes do partido. Também lembrou a importância da incorporação do PPL ao PCdoB e disse que a legenda está em condições de superar esse momento de retrocesso vivido pelo país.

“O partido está empenhado, com os movimentos de frente ampla, na tarefa de libertar o país do governo Bolsonaro. De restaurar a democracia e promover uma reconstrução nacional que abra perspectivas a um novo ciclo de prosperidade, desenvolvimento soberano em harmonia com a proteção do meio ambiente e de progresso social”, afirmou.

Homenagens

A presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), foi a primeira parlamentar a usar a palavra e parabenizou os comunistas pelos 100 anos de história.

Ela lembrou a parceria entre as siglas, destacando que o PCdoB “é um partido irmão, mais do que aliado, que sempre esteve conosco em todas as lutas”. “Temos um grande desafio pela frente, talvez um dos maiores do ponto de vista eleitoral, que é vencer o fascismo, vencer o atraso, vencer Bolsonaro”, disse.

Gleisi destacou ainda que a conquista da federação será um instrumento importante para a construção da unidade das forças progressistas no Brasil.

A deputada Lídice da Mata (PSB-BA) falou em seguida, saudando a comemoração do centenário do partido. “Com muito orgulho, participei desta luta, junto com Haroldo (Lima) e tantos outros companheiros”, lembrou.

Para o deputado Elmar Nascimento (BA), líder do União Brasil, o PCdoB tem desempenhado “um papel importantíssimo na luta intransigente em defesa da democracia” e pelos interesses maiores do povo brasileiro.

A deputada Fernanda Fernanda Melchionna (Psol-RS) falou em seguida, lembrando que o partido comemora 100 anos com uma trajetória que se confunde com a história do movimento operário brasileiro, com as lutas da juventude e dos movimentos populares.

O vice-líder da Minoria, Henrique Fontana (PT-RS), saudou os militantes comunistas: “Comemorar 100 anos de existência de um partido político é algo que marca a história de um país. 100 anos onde o PCdoB sempre esteve ao lado dos trabalhadores, ao lado dos oprimidos e sempre ao lado da democracia”.

André Figueiredo (CE), líder do PDT na Câmara, também ressaltou a trajetória de lutas da legenda em defesa da democracia, “de um Estado que realmente possa servir de redutor de desigualdades, de construção de caminhos mais amplos para que as riquezas do país não fiquem concentradas nas mãos do sistema financeiro”.

Líder do PSD, o deputado Antonio Brito (BA) disse que o centenário do partido mostra que é possível construir partidos, ideias, propostas e debater soluções viáveis com a sociedade.

O líder da Oposição, Wolney Queiroz (PDT-PE), lembrou da amizade que sempre teve com os integrantes da bancada comunistas, desde que chegou à Casa em 1995 para o seu primeiro mandato. “Essa era a turma com quem eu me relacionava aqui”, disse.

Presenças

Participaram da mesa a presidente nacional do PCdoB, Luciana Santos, vice-governadora de Pernambuco, o líder na Câmara dos Deputados, Renildo Calheiros, a vice-presidente nacional da sigla, deputada Jandira Feghali (RJ), o deputado constituinte em 1988, Aldo Arantes, e a diretora de Relações Institucionais na União Nacional dos Estudantes (UNE), Thaís Falone.

Representações diplomáticas de países como Nicarágua, China, Coréia Popular, Vietnã, Síria, Palestina, Belarus, Rússia, Cuba, Saara Ocidental e do Irã também marcaram presença, além dos senadores Humberto Costa (PT-PE) e Jaques Wagner (PT-BA), militantes do partido e dirigentes de várias entidades populares.