O ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, pediu demissão do cargo na tarde desta segunda-feira (29). O militar, que foi chefe do Estado-Maior do Exército, foi escolhido para chefiar a Pasta ainda durante a transição para o governo de Jair Bolsonaro, em 2018.

Azevedo e Silva entregou uma carta comunicando que sairia do cargo em uma reunião com o presidente no Palácio do Planalto. Em nota oficial comunicando que deixaria o posto, o militar não apresenta os motivos que o levaram a sair do ministério.

"Agradeço ao presidente da República, a quem dediquei total lealdade ao longo desses mais de dois anos, a oportunidade de ter servido ao país, como ministro da Defesa. Neste período, preservei as Forças Armadas como instituições de Estado", disse. Ele deixou o cargo horas após o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo.

A nova baixa na Explanada dos Ministérios foi comentada nas redes sociais dos deputados do PCdoB. "O que se passa? Para onde estamos caminhando?", questionou o líder da Bancada na Câmara, deputado Renildo Calheiros (PE), em sua conta no Twitter.

O deputado Orlando Silva PCdoB-SP) comentou que chama atenção no curto comunicado do ministro da Defesa que ele tenha se referido à manutenção das Forças Armadas como "instituições de Estado" em sua gestão. "No mínimo, é indicativo de pressões em sentido contrário. Manter alerta em defesa da democracia é vital", afirmou o parlamentar.

Segundo o jornal "Correio Braziliense", falava-se nos bastidores que a saída de Fernando Azevedo e Silva poderia dar lugar ao ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, que está sendo investigado pela Justiça Federal por suas ações no combate à pandemia de coronavírus. O indicado para ocupar o espaço acabou sendo o general Braga Netto, da Casa Civil.

Em suas redes sociais, a deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC) comentou que a saída do ministro não teria sido uma decisão dele. A parlamentar também ressaltou que em sua nota o militar mostra respeito à Constituição, quando se refere às Forças Armadas como instituições de Estado.

"Atenção aos movimentos de Bolsonaro, que busca politizar as Forças. Ele não tem a espada na mão, mas quer tê-la", alertou Perpétua.

Azevedo e Silva permaneceu por dois anos e três meses à frente do Ministério da Defesa. Em sua gestão, o governo federal apresentou a terceira atualização de um conjunto de documentos, composto por "Política Nacional de Defesa", "Estratégia Nacional de Defesa" e o "Livro Branco da Defesa Nacional". Ele era visto como um ministro mais moderado e que mantinha diálogo com outros Poderes.

Festival de quedas

O advogado-geral da União, José Levi, foi outro que entregou nesta segunda uma carta de demissão ao presidente Jair Bolsonaro. Ex-integrante do Ministério da Economia e indicado por Paulo Guedes, é o terceiro ministro a perder o cargo em apenas um dia. A vaga será ocupada por André Luiz de Almeida Mendonça.

Uma das razões para que Levi fosse demitido teria sido sua recusa em assinar a ação direta de inconstitucionalidade que o presidente propôs no Supremo Tribunal Federal (STF) contra três estados que haviam implementado toque de recolher. Circulam notícias na imprensa de que o lockdown também estaria por trás da queda do Ministro da Defesa.

A Secretária de Educação Básica, Izabel Lima Pessoa, também pediu demissão. O posto vista como um dos mais importantes do Ministério da Educação.

Para a deputada Alice Portugal (PCdoB-BA), foi um festival de mudanças: "Mas para o Brasil encontrar um rumo quem precisa sair é aquele que ocupa o cargo de presidente da República. #ForaBolsonaro", escreveu no Twitter.