A insatisfação de deputados do Centrão e do próprio PMDB com o tucano Antonio Imbassahy na articulação política do governo Temer pesou. Na tentativa de acalmar os ânimos e angariar votos para sua Reforma da Previdência, Temer vem cedendo às pressões e nesta quarta-feira (22), o nome de um de seus ferrenhos defensores na Câmara, o deputado Carlos Marun (PMDB-MS), começou a circular nos bastidores e na imprensa para ocupar o cargo.

Para a presidente nacional do PCdoB, deputada Luciana Santos (PE), a indicação de Marun é simbólica e explicita “a força de Eduardo Cunha nas diretrizes políticas do governo Temer”.

“Essa indicação tem um peso simbólico grande e demonstra um verdadeiro descompromisso com qualquer conduta que diga respeito a manter os direitos básicos da população. Marun debochou do resultado da votação da última denúncia contra Temer fazendo uma dancinha. Além disso, politicamente, reforça a força do Centrão ligado ao ex-presidente da Câmara [e hoje presidiário] Eduardo Cunha. Mais uma vez este governo ilegítimo mostra a que veio. E veio a serviço da entrega do país, da liquidação das nossas riquezas”, avaliou.

No entanto, apesar da inclinação para a mudança, Temer resolveu aguardar um pouco mais para concretizar a troca. Isso porque nesta quarta, Temer se reuniu com Aécio Neves, presidente licenciado do PSDB e peça-chave na manutenção do apoio de uma ala tucana ao governo Temer. No encontro foi acordado que Imbassahy continuaria no cargo enquanto seus correligionários decidem o momento da saída do governo.

Quem é Carlos Marun

Falastrão, Marun ficou conhecido por sua defesa ferrenha a Michel Temer e Eduardo Cunha. Foi fiel escudeiro de Temer ao defender a Reforma da Previdência na comissão especial que presidiu e aprovou o texto-base após manobras do governo no colegiado; esteve na linha de frente do grupo a favor do impeachment de Dilma Rousseff; e antes de Cunha ser preso, era um de seus defensores no Parlamento. Foi um dos únicos a ocupar a tribuna da Câmara para discursar a favor de Cunha na sessão que cassou o mandato dele, em setembro do ano passado.

Procurado para comentar sua possível nomeação, Marun informou, por meio de sua assessoria que o convite não foi feito formalmente. Mas se ele ocorresse, aceitaria.