A sessão no Senado que votaria a Reforma Trabalhista havia começado há pouco tempo quando as senadoras da Oposição tomaram a Presidência daquela Casa para impedir o desmonte dos direitos trabalhistas.

O protesto não foi bem recebido pelo aliado de Michel Temer e presidente do Senado, Eunício de Oliveira (PMDB-CE), que suspendeu a sessão e deixou o Plenário sem luz, sem som e sem transmissão.

“Nós queremos acordo. Não podemos permitir que esta Reforma passe desse jeito. Querem impor trabalho insalubre às mulheres grávidas. Isso não pode passar. É constrangedor fazer isso que nós fizemos, mas essa é nossa última opção”, disse a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM).

Além de Vanessa, a Mesa do Senado foi ocupada por Gleisi Hoffmann (PT-PR), Lídice da Mata (PSB-BA), Fátima Bezerra (PT-RN) e Regina Sousa (PT-PI). Elas sentaram à mesa do Plenário assim que a sessão foi aberta, por volta de 11h, quando Eunício de Oliveira ainda não estava no local.

Pelas regras do Senado, qualquer senador pode abrir uma sessão, desde que haja quórum. Foi isso que as oposicionistas fizeram. No entanto, quando Eunício chegou ao Plenário, e quis ocupar a Presidência, a senadora Fátima Bezerra, que estava sentada no lugar, não quis ceder o espaço. O parlamentar usou o microfone da senadora, apesar da resistência, para avisar que cortaria o som dos microfones se ele não pudesse se sentar. Após essa confusão, Eunício suspendeu a sessão.

Para a líder do PCdoB na Câmara, deputada Alice Portugal (BA), é hora de resistir e de se rebelar contra os desmontes. “Essa reforma não interessa aos trabalhadores brasileiros. Aqui eles botaram polícia, parecia gado indo ao matadouro. Não podemos permitir isso. É hora de se rebelar contra tanta injustiça”, disse.

A deputada Jô Moraes (PCdoB-MG) acompanhou a ocupação. Segundo ela, este foi o único mecanismo possível para pressionar por uma negociação. “Estamos aqui para apoiar as senadoras. Até agora, eles não propuseram em nada. Agora, se o Senado se mete numa escuridão para impedir uma negociação é a demonstração clara que para o Brasil só resta a escuridão, perda de direitos e da democracia com este governo”, afirmou.

Para a vice-líder da Minoria, deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), foi uma vitória. “Era isso que precisávamos. Eles não estão acreditando que as senadoras foram capazes de ocupar e resistir para atrasar a sessão em defesa dos direitos dos trabalhadores.”