O Plenário da Câmara dos Deputados realizou nesta quinta-feira (15) sessão solene em homenagem à vereadora carioca Marielle Franco, de 38 anos, que foi assassinada na noite de quarta-feira (14) na rua Joaquim Palhares, no Estácio, região central do Rio.

A vereadora foi morta no carro em que estava com quatro tiros na cabeça. No carro também estavam o motorista de Marielle, Anderson Pedro Gomes, também assassinado, e sua assessora, que foi atingida por estilhaços mas passa bem. Os criminosos fugiram sem levar nada.

Para a deputada Luiza Erundina (PSol-SP), tentaram calar a voz da vereadora do Psol, pois ela representava uma ameaça aos interesses das organizações criminosas instaladas no estado do Rio de Janeiro. “Nós acreditamos que o sangue da Marielle, e de todas as outras vítimas do arbítrio de um Estado autoritário, repressor, vai germinar como semente que brotará por milhares, milhões de Marielles pelo país a fora. Para dar continuidade a sua luta, o seu compromisso de defesa dos direitos humanos”, afirmou emocionada.

Em nome do PCdoB, da sua presidenta Luciana Santos e de toda a Bancada Comunista, a deputada Jô Moraes (PCdoB-MG) expressou solidariedade aos familiares de Marielle e de seu motorista Anderson, aos seus companheiros de luta, às mulheres negras do Rio de Janeiro.

A parlamentar lembrou dos ativistas que foram assassinados neste ano. “Nós vimos assassinados Wladimir, do Pará; Paulo, do Pará; Márcio, da Bahia; Leandro, do Rio Grande do Sul, Jeferson, do Rio de Janeiro; Carlos, de Mato Grosso; George, de Pernambuco”, disse.

Os deputados e deputadas do PCdoB firmaram o compromisso com a apuração do crime e com a expressão da indignação do povo brasileiro, das mulheres brasileiras, dos trabalhadores brasileiros. “Nós somos de um partido e eu sou de uma geração que perdeu muitos dos seus jovens, muitas das suas mulheres, muitos dos seus filhos na luta pela liberdade. Nosso partido é de um tempo de tantos que se foram para resistir, para garantir que este País seja democrático, para garantir que esta democracia continue”, finalizou com a voz embargada a deputada Jô Moraes.

No início da noite de quarta (14), horas antes do crime, Marielle Franco havia participado de um evento de apoio a mulheres negras chamado "Jovens Negras Movendo as Estruturas" na rua dos Inválidos, na Lapa, centro do Rio.

A estudante de filosofia da Universidade de Brasília (UnB), Ana Luíza Guimarães, reafirmou a luta da parlamentar fluminense dizendo que a resistência permanecerá. “E como dói resistir. Mas vamos estar de pé, lutando para que nenhum jovem negro mais padeça nas periferias do Brasil (palmas), para que nenhuma mulher tenha que morrer. Vidas negras importam e vocês precisam enxergar isso. Nós queremos viver!”.  

Quatro dias antes do crime, Marielle fez denúncias contra o Batalhão de Irajá (41ºBPM) em seu perfil nas redes sociais dizendo que a unidade estava "aterrorizando e violentando moradores de Acari", comunidade na zona norte do Rio de Janeiro.

Em nota, o grupo Tortura Nunca Mais, disse que considera o assassinato de Marielle a primeira execução política da Intervenção Militar no Estado do Rio de Janeiro. “Entendemos que o país está sob um Estado de Exceção em que as forças fascistas estão agindo sem qualquer limite e avançando sobre a nossa sociedade”.

A Secretaria da Mulher da Câmara divulgou em nota que o crime cometido deixa a sociedade alerta contra o autoritarismo e a ameaça a democracia. ”Contra uma jovem mulher negra, feminista, de origem humilde, defensora dos direitos humanos, e no exercício de suas funções parlamentares, demonstra ser um grave caso de feminicídio e de violência política contra a mulher que precisa ser imediatamente e ostensivamente investigado pelas autoridades competentes”, reforça.

Socióloga, Marielle foi assessora parlamentar do deputado estadual Marcelo Freixo, seu colega no Psol, antes de se eleger vereadora. Em 2016, foi a quinta vereadora mais votada no Rio de Janeiro. Na Câmara de Vereadores, presidia a Comissão de Defesa da Mulher.

O presidente da Casa, Rodrigo Maia, disse que a Câmara instalará comissão de investigação do crime.

 

Nota do PCdoB

Marielle e Anderson, Presentes!

Transformar o luto em luta.

O Partido Comunista do Brasil expressa sua profunda indignação e emite veemente protesto em face dos covardes e bárbaros assassinatos da vereadora Marielle Franco e de Anderson Pedro Gomes, ocorridos na noite de ontem (14), na cidade do Rio de Janeiro.

Nos somamos a todas as manifestações que exigem a mais clara, transparente, profunda e célere apuração do episódio, assim como a punição, na forma da lei, dos responsáveis.

Abraçamos, nessa hora de dor e indignação, os companheiros e companheiras do PSOL, assim como os familiares de Marielle e Anderson.

A hedionda violência que ceifou a vida da militante dos direitos humanos, vereadora de esquerda, Marielle Franco, mulher, mãe, negra, faz parte da onda permanente de agressões que tiram a vida de um grande número de mulheres, jovens e negros de nosso país.

O assassinato de Marielle vem se somar a uma série de violências cometidas contra as forças progressistas e o movimento social nos últimos meses. Ainda que os episódios possam ter motivações diferenciadas, elas derivam desse ambiente regressivo e retrógrado do Brasil pós- golpe. Dramaticamente reforça a necessidade de união de amplas forças políticas para restauramos a democracia e com ela o direito do povo a segurança e a paz.

Que a nossa dor possa se transformar em uma mobilização ampla para barrar os ataques à liberdade, à vida e às garantias individuais.

Luciana Santos, Presidenta Nacional do PCdoB.

Manuela D’Avila, pré-candidata do PCdoB à presidência da República.

Jandira Feghali, Deputada Federal do Rio de Janeiro.

 

Com Agência Câmara