O colapso na saúde em Manaus reacendeu a pressão pela abertura do processo de impedimento de Jair Bolsonaro. Nesta sexta-feira (15), após ampla repercussão sobre o caos que vive a capital amazonense em nova onda de casos de Covid-19 e falta de oxigênio para atender os pacientes, o presidente da República afirmou já ter feito sua parte. Parlamentares, artistas, internautas, movimentos sociais endureceram as críticas e retomaram a pressão para que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), dê andamento aos processos já protocolados na Casa.

Um panelaço na noite desta sexta-feira (15), às 20h30, foi convocado pelas redes sociais para ampliar a cobrança. A convocação feita por meio da hashtag #BrasilSufocado critica a omissão do presidente com a pandemia de Covid-19, principalmente após o caos no sistema de saúde de Manaus.

A líder do PCdoB, deputada Perpétua Almeida (AC), foi uma das parlamentares que criticou a declaração de Bolsonaro. Para ela, sem medidas de contenção à proliferação do vírus, a situação de Manaus pode se repetir em outros estados.

“’Fizemos nossa parte’, disse Bolsonaro sobre as mortes em Manaus. É, faz sentido… O presidente que sempre disse: “é uma gripezinha”, “e daí?”, “não sou coveiro”, incentiva as pessoas a não tomarem vacina, está conseguindo o que sempre quis: mais brasileiros mortos. O colapso no sistema de saúde em Manaus é responsabilidade do governo federal, sim. Bolsonaro e seus asseclas relativizaram a pandemia o tempo todo. Não existe uma coordenação nacional. O sistema está pressionado há meses e não dava para prever a falta de oxigênio em Manaus? O povo brasileiro está sufocado por esse governo, que não disponibiliza oxigênio e nem vacina para todos. #ImpeachmentBolsonaroUrgente #BrasilSufocado”, afirmou a deputada em sua conta no Twitter.

Apesar de Bolsonaro afirmar que o governo fez sua parte com insumos e recursos para o estado, a situação no Amazonas permanece crítica, com mais de 200 pacientes sendo transferidos para sete estados e para o Distrito Federal por falta de leitos e de oxigênio.

“O drama do Amazonas poderá se estender a outros estados brasileiros. Bolsonaro está levando o Brasil ao caos social e sanitário. É urgente afastarmos esse sociopata, genocida do poder, pelo bem do Brasil”, afirmou a deputada Alice Portugal (PCdoB-BA).

Já o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) afirmou que “não é mais possível tolerar um presidente comprometido com a morte e a destruição do país”. “Bolsonaro está matando o Brasil, literalmente. Deve ser retirado e julgado por seus crimes contra a Humanidade”, declarou.

Na quinta-feira (14), ao mencionar a situação de Manaus na habitual live promovida por Bolsonaro, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, afirmou que a responsabilidade pela situação é da prefeitura e do governo estadual. Além disso, Pazuello citou o período chuvoso na região e falta de tratamento precoce com hidroxicloroquina, mesmo sem comprovação científica sobre a eficácia do tratamento.

Para a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), o ministro da Saúde “comprova sua competência em cumprir ordens” apenas, ignorando sua missão à frente da Pasta. “O atual ministro da Saúde mostra competência em uma única coisa: cumprir ordens. Mesmo que essas ordens resultem na morte de pessoas. Bolsonaro e Pazuello devem ser responsabilizados pelos crimes cometidos contra a vida, a ciência e a democracia”, afirmou.