A bancada do DEM na Câmara usou todos os tipos de manobras para obstruir a sessão da Comissão de Desenvolvimento Urbano e impedir a aprovação do requerimento da deputada Alice Portugal (PCdoB-BA), que solicita audiência pública para discutir a polêmica implantação do BRT de Salvador e as implicações urbanísticas, sociais e ambientais provocadas por esse projeto. A reunião do colegiado foi marcada por tumulto, ofensas e gritaria por parte dos deputados de ACM Neto.

“Não tem porque essa taquicardia, é um debate sobre esse método de utilizar verbas do FGTS, recursos sociais, para construir viadutos em uma área que o metrô já garante o trajeto. A obra ainda comete o crime ambiental de derrubar mais de 500 árvores e tamponar rios. A comunidade de urbanistas, de ambientalistas, a população de Salvador não apoia a obra. Queremos ouvir do Tribunal de Contas, queremos ouvir do Ministério das Cidades, como esse recurso foi garantido para uma obra que não tem caráter social”, disse Alice, completando que “os prepostos de ACM Neto, que apoiam Temer, podem ficar mais calmos. Não é uma CPI. É só a aprovação de um requerimento de audiência pública sobre o BRT de Salvador”.

Alice afirmou também que o debate é nacional e que o Tribunal de Contas está arrolado para essa audiência. “Nós precisamos entender a natureza dessa obra e da concessão desse aporte gigantesco de recursos do governo federal”.

A deputada ainda pediu compreensão ao deputado baiano Paulo Azzi (DEM), um dos parlamentares que tumultuou a sessão. “Debater algo aqui na Câmara apenas porque o prefeito da cidade é do seu partido não significa ter qualquer vínculo político-eleitoral, é uma discussão de responsabilidade política para com Salvador e com os projetos urbanísticos brasileiros, inclusive o próprio prefeito não é candidato a nada no momento, o que deixou frustrada sua bancada”, ressaltou Alice.

Alice informa que o seu requerimento voltará para a pauta da Comissão de Desenvolvimento Urbano. Ela se mantém na linha de frente para que a audiência seja realizada no Colegiado e que o debate deste BRT, que é o mais caro do Brasil, seja em nível nacional.