Dois dias depois da divulgação das conversas entre o então ministro do Planejamento, Romero Jucá, e o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, confirmando o golpe contra a presidenta Dilma Rousseff, nesta quarta-feira (25) foi a vez do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) entrar na roda.

As novas gravações divulgadas pelo jornal Folha de S.Paulo acrescentam novos elementos que reforçam o pedido de anulação imediata do impeachment de Dilma Rousseff.

"A sociedade está vendo agora que todo esse processo não passou de uma grande farsa, uma grande mentira. Com pretexto de combater a corrupção e das tais pedaladas tiraram do poder uma presidenta democraticamente eleita por 54 milhões de pessoas e promoveram um golpe no nosso país, em pleno 2016", diz o deputado Chico Lopes (PCdoB-CE).

Assim como nas conversas com Jucá, Renan e Machado falaram sobre formas de barrar a Operação Lava Jato. O presidente do Senado defende, por exemplo, mudanças na lei que trata de delação premiada, de forma a impedir que um preso se torne delator. Esse procedimento é o mais usado nas investigações da operação que está chegando à cúpula peemedebista. Ainda de acordo com a conversa, Machado sugere a Renan "um pacto" para "passar uma borracha no Brasil" e cita o Supremo Tribunal Federal (STF).

“Nesse governo cheio de ministros da Lava Jato, fica clara a intenção de barrar a operação”, critica o deputado Davidson Magalhães (PCdoB-BA), em referência aos sete ministros do governo Temer investigados na operação.

Em outro ponto da conversa, Renan e Machado falam sobre contatos do senador e da presidenta Dilma com a mídia, citando o diretor de redação da Folha, Otavio Frias Filho, e o vice-presidente Institucional e Editorial do Grupo Globo, João Roberto Marinho. Renan diz que Frias reconheceu "exageros" na cobertura da Lava Jato e diz que Marinho afirmou à Dilma que havia um "efeito manada" contra seu governo.

"Agora, quem está dizendo isso não somos nós, que denunciamos o golpe. São pessoas que estiveram em posição de destaque nas decisões que levaram ao impeachment. Isso é muito grave e pede resposta imediata da Justiça, com a responsabilização dessas pessoas e a anulação urgente do impeachment, o restabelecimento da democracia e do voto dos brasileiros", cobra Chico Lopes.

Para os comunistas, diante da gravidade das revelações desta semana, é preciso uma ampla mobilização social, exigindo a volta da democracia.