Eleito presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar ações do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o deputado Tenente-Coronel Zucco (Republicanos-RS) virou alvo de investigação da Polícia Federal (PF) por envolvimento e patrocínio de atos antidemocráticos.

A revista Veja revelou que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes enviou, na última quarta-feira (17), à PF uma representação apresentada pelo Ministério Público Federal (MPF) contra o parlamentar “para continuidade das investigações”.

No despacho, Moraes diz que a representação apontou que o parlamentar “estaria perpetrando crimes mediante patrocínio e incentivo a atos antidemocráticos, seja em território gaúcho, seja na cidade de Brasília”.

Além disso, o deputado é acusado de apoiar o fechamento de estradas após a derrota de Bolsonaro.

O caso, que inclui publicações feitas por Zucco nas redes sociais entre outubro de novembro de 2022, antes da posse na Câmara, foi remetido ao STF pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), a pedido do MPF, diante do foro privilegiado de Zucco na Corte.

Com sede em Porto Alegre, a Procuradoria Regional da República da 4ª Região também defendeu que a investigação fosse para o STF porque “tramitam de modo concentrado na Suprema Corte diversos inquéritos correlatos, inclusive envolvendo pessoas não detentoras de prerrogativa de foro, mas lá investigadas por força de eventual conexão”.

Repercussão

A líder do PCdoB na Câmara dos Deputados, Jandira Feghali (RJ), afirmou que a CPI do MST foi criada para tentar criminalizar o maior movimento social do Brasil, mas está mesmo servindo para mostrar quem são e quem está por trás de seus acusadores.

“A ficha do relator, Ricardo Salles, é bem conhecida: o ex-ministro do Meio Ambiente de Bolsonaro recebeu garimpeiros ilegais em seu gabinete, aparelhou órgãos de controle e é investigado por exportação ilegal de madeira. O presidente da comissão, tenente-coronel Zucco, é simplesmente investigado por apoiar os atos golpistas e fascistas de 08 de janeiro. Agora, descobre-se que ruralistas acusados de delitos ambientais e agrários (de desmatamento ilegal a contrabando de ouro), deram dinheiro para a campanha eleitoral de sete integrantes da CPI. Como é mesmo aquele ditado? Diz-me com quem andas e te direi quem és…”, postou a líder na rede social.

“ATENÇÃO! O presidente da CPI do MST, Tenente Zucco, será investigado pela PF por envolvimento em atos golpistas! Que dupla pistoleira que ele faz com o relator Ricardo Salles, o ecocida corrupto. Não têm moral nenhuma para perseguição política contra MST!”, escreveu o deputado Ivan Valente (PSOL-SP) no Twitter.