Alegando motivos pessoais para deixar o governo, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, pediu demissão na tarde desta quarta-feira (23). A exoneração foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União.

Salles é investigado no Supremo Tribunal Federal (STF) por supostamente ter atrapalhado apurações sobre apreensão de madeira. Em 19 de maio, ele foi alvo de operação da Polícia Federal, que investigava esquema envolvendo a exportação ilegal de madeira para os Estados Unidos e a Europa.

O anúncio da demissão no ministério teve repercussão imediata, principalmente pela gestão de Ricardo Salles ter sido marcada pelo desmonte dos órgãos de fiscalização e gestão ambiental como o Ibama e ICMBio, repetidos recordes de queimadas e desmatamento das florestas, além da grilagem de terras na região amazônica, o que é incentivado pelo governo Bolsonaro.

Segundo o líder do PCdoB na Câmara, deputado Renildo Calheiros (PE), as "árvores agradecem" a queda do ministro. "Ele já devia ter saído do governo Bolsonaro há muito tempo. Ao que tudo indica, estava deixando 'passar a boiada', destruindo as florestas brasileiras", disse.

"O Meio Ambiente agradece a saída de Salles! Agora é exigir que as investigações sobre crimes cometidos sejam concluídas!", destacou a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ). Em suas redes sociais, a parlamentar lamentou, porém, que a mesma política ambiental deve ser mantida pelo substituto escolhido pelo presidente da República.

A exoneração foi anunciada juntamente com a nomeação de Joaquim Alvaro Pereira Leite como novo ministro do Meio Ambiente, atual secretário da Amazônia e Serviços Ambientais. "Trocaremos seis por meia dúzia. O governo Bolsonaro não cede um milímetro em seu projeto de destruição do Brasil", denunciou.

De acordo com seu próprio currículo em uma plataforma digital, Leite foi conselheiro durante 23 anos da Sociedade Rural Brasileira (SRB), uma das principais entidades ruralistas do país.

Para o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), a política de predação do meio ambiente perde um símbolo com a saída de Salles, "mas o patrocinador dessa agenda lesa-pátria é Bolsonaro".

Na mesma linha, o deputado Daniel Almeida reforçou a importância das investigações sobre os crimes ambientais do governo continuem. "Salles pediu pra sair. O meio ambiente, as florestas, os indígenas, a vida e o povo brasileiro agradecem. Entretanto, precisamos que os crimes cometidos à frente do Ministério do Meio Ambiente sejam devidamente apurados", escreveu no Twitter.

"Exoneraram Salles? Ótimo e já vai tarde, pois os danos à imagem do Brasil e ao meio ambiente são incalculáveis", registrou a deputada Professora Marcivânia (PCdoB-AP).