A venda e o sucateamento das instituições financeiras, promovida pelo governo Temer, foi denunciada em Plenário.

Segundo o deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA), autor do requerimento para realização do debate, a questão central é discutir a defesa da soberania nacional. “Já entregaram os bancos regionais. Estas instituições estão sendo anunciadas como parte de um processo de reestruturação do sistema financeiro brasileiro. É o esvaziamento das instituições públicas do país. Não aceitamos a privatização dos bancos públicos", disparou o parlamentar.

“Como pensar a indústria sem o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social)? Como pensar o nordeste sem o BNB (Banco do Nordeste), criado na década de 50? O Banco da Amazônia, com seu papel insubstituível”, indagou Daniel Almeida.

Sob a gestão do presidente ilegítimo Michel Temer, o BNDES reduziu de R$ 50 para R$ 19 bilhões as linhas voltadas para inovação, máquinas e equipamentos, bens de capital, exportação pré-embarque e projetos transformadores.  

Criado em 1922 para o desenvolvimento nacional e estruturação do financiamento da indústria, o BNDES tinha mais recursos para crédito que o Fundo Monetário Mundial e que o Banco Mundial. De 2003 até recentemente o banco era o mais sólido instrumento de estabilidade do financiamento da indústria do país.

Segunda maior instituição bancária na oferta de crédito imobiliário, com 8,63% de participação, o Banco do Brasil mudou o foco de atuação, reduzindo este tipo de operação, afetando assim a carteira do banco na área, que hoje está em R$ 53 bilhões em empréstimos. O BB perde apenas para a Caixa Econômica Federal (CEF), que hoje ocupa o primeiro lugar, com uma fatia de 51,72% do mercado.

“Quando você ameaça a Caixa, você está ameaçando a possibilidade de quem ainda não tem sua casa própria ter um financiamento. Porque os bancos privados não financiam em especial a população de baixa renda, para famílias que ganham até R$ 1.800”, disse o presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenar), Jair Pedro Ferreira.   

Até o primeiro trimestre de 2017, só o BB totalizou o fechamento de 551 unidades e a Caixa encerrou as atividades de 131 agências, além do enxugamento de mais de 13 mil postos de trabalho, contando as vagas de estagiários, conforme relatório da instituição.

Presidente da Associação Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil (ANABB), Reinaldo Fujimoto, contabiliza a perda 10 mil trabalhadores com o incentivo à aposentadoria, indicada pela diretoria. “Muitas agências serão fechadas. A população menos favorecida, a pessoa que trabalha com agricultura, e que precisa dessa agência não será mais assistida. Essas pessoas terão que se deslocar 30 quilômetros ou mais. A quem interessa de fato esse desmonte?”

A meta para tornar o Banco do Brasil “mais leve” apresentada internamente, segundo os funcionários, era de uma redução que poderia chegar a até 18 mil do atual quadro, que conta com 115 mil profissionais.

Em junho deste ano, o secretário geral da Confederação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf), Carlos de Souza, denunciou “terrorismo psicológico” contra os funcionários do Banco do Brasil no processo de reestruturação.

“As informações sobre demissões não foram dadas em discussões com os funcionários, não chegaram aos sindicatos e entidades ou mesmo nas agências”, criticou em debate sobre o programa de demissão voluntária da instituição.

Com 65 anos de existência, o Banco do Nordeste está na mira do governo federal. Rita Josina Feitosa da Silva, Diretora da Associação dos Funcionários do BNB, lembrou que o banco vem “alavancando o crescimento, trabalhado em prol do desenvolvimento". "A lógica que está se apresentando é a de que o mercado predomine. E os trabalhadores vão sendo cada vez mais fragilizados”, disse a representante dos empregados do BNB.  

Em outubro, os trabalhadores do setor financeiro realizaram ato na Câmara apontando um desmonte dos bancos públicos pelo governo Temer. Paulo Vinicius, secretário de Relações do Trabalho da Central de Trabalhadores do Brasil (CTB), definiu a venda da Caixa como um "crime de lesa-pátria".