A conversa divulgada pelo senador Jorge Kajuru (Cidadania-GO) com Bolsonaro tem sido interpretada como ato criminoso cometido pelo presidente. Na ligação, divulgada neste domingo (11), o presidente pede ao parlamentar para evitar a CPI e ainda pressiona para que ele induza impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

“Se não mudar o objetivo da CPI, ela vai vir para cima de mim. O que tem que fazer para ser uma CPI útil para o Brasil: mudar a amplitude dela, bota presidente da República, governadores e prefeitos”, diz Bolsonaro numa conversa antirrepublicana.

A vice-líder da Oposição na Câmara, deputada Perpétua Almeida (AC), considerou que a conversa é motivo para cassação do senador e impeachment do presidente. “O áudio divulgado da conversa entre Bolsonaro e o senador Kajuru é muito grave. Parece áudio das gangues tramando um crime. Tentam burlar o objeto de uma CPI e combinam o impeachment de ministro do Supremo. Num país sério, seria cassação do senador e impeachment do presidente”, disse.

“É o maior escândalo político da República. O presidente em pessoa liga para um senador para cobrar que este mude o foco de uma CPI para investigar inimigos políticos e pautar impeachment de ministro do Supremo. É crime de responsabilidade gravado! #ImpeachmentDeBolsonaroUrgente”, reagiu no Twitter o vice-líder do PCdoB, deputado Orlando Silva (PCdoB-SP).

Para a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), vice-líder da minoria na Câmara, trata-se de mais um escândalo no governo Bolsonaro. “Luz giratória de carros de polícia em plena pandemia, com mais de 350 mil mortos, crescente falta de insumos, vacinas e zero articulação nacional do Governo Federal, Bolsonaro dá um telefonema a um senador pedindo pra desvituar a CPI da Pandemia e pressionar o impeachment de ministro do STF. Escândalo!”, criticou a deputada na rede social.

“Um presidente pessoalmente liga para um senador cobrando que o foco de uma CPI que investiga os seus crimes seja mudado. Pediu ainda que o senador atue pela abertura de impeachment contra ministros do STF. Como é o nome desse crime?”, indagou a deputada Alice Portugal (PCdoB-BA).

De acordo com a deputada Professora Marcivânia (PCdoB-AP), o teor da gravação de um senador com o presidente só confirma o que já se sabia: “Bolsonaro não está preocupado em governar e resolver os problemas do país”. Segundo ela, trata-se de uma conversa totalmente incompatível com a democracia.

Na avaliação do deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA), ficou claro que Bolsonaro pretendeu interferir no rumo da investigação da CPI para perseguir governadores, prefeitos e os ministros do STF. “A CPI da pandemia é fundamental para a resposta de questões centrais como a suspensão na divulgação do cronograma da vacina. #CPIdaPandemiaJá”, defendeu.

“O que pretende o senador Kajuru ao gravar e divulgar conversa com o presidente? Independente disso, a conversa revela o modus operandi de Bolsonaro: trama contra instituições/governadores/prefeitos. Ao tentar espalhar a culpa pelo descontrole da pandemia, acaba por confessá-la”, avaliou o líder do PT na Câmara, Bohn Gass (RS), nas redes sociais.

O líder da Minoria na Câmara, deputado Marcelo Freixo (PSol-RJ), vê a situação como uma confissão de crime. “A conversa entre Bolsonaro e Kajuru é a confissão dos crimes do presidente na pandemia e mais um motivo para impeachment. Bolsonaro quer interferir no Legislativo e no STF para impedir que as investigações aconteçam. Vamos exigir a instalação da CPI da Covid imediatamente”, afirmou.

O líder do PDT, Wolney Queiroz (PE), diz que a CPI é importantíssima para salvar vidas e combater o negacionismo que nos arrasta o país para o genocídio. “Bolsonaro tem um projeto autoritário sendo gestado. Não vamos permitir ataques às instituições democráticas!”, criticou.

Senadores

Para o líder da oposição no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que foi o autor do pedido de CPI, Bolsonaro tenta interferir de forma criminosa na instalação da CPI da Covid-19 no Congresso. “Não vamos perder de vista: as assembleias estaduais podem investigar as ações dos governadores. O Congresso se dedica aos desvios federais!”, explicou.

“Mas qual será o medo? Bolsonaro está com medo e em conversa com o senador pode ser mais uma prova da sua omissão! Ele é o Presidente da República e deve ser responsabilizado por suas omissões e seus atos genocidas durante à pandemia”, escreveu no Twitter o líder do PT na Casa, Paulo Rocha (PT-PA).