O ministro da Educação, Victor Godoy, afirmou nesta quarta-feira (11) que esteve em pelo menos três eventos no ministério dos quais participaram também os pastores suspeitos de pedir propina em troca de liberação de verbas da Pasta. No entanto, segundo Godoy, naquele momento, “não havia como estranhar” os encontros, pois “não havia qualquer tipo de denúncia” relacionada às negociatas que vieram a público em março.

Segundo Godoy, os eventos foram organizados ainda na gestão de seu antecessor, Milton Ribeiro. À época, o atual ministro era secretário-executivo, e disse que Ribeiro nunca lhe impôs, em relação aos pastores, "qualquer ato em desacordo com a pátria". O ministro reiterou ainda que o caso está sendo investigado e que até o momento não há "comprovação de nenhuma prática de corrupção por parte dos dirigentes e servidores do MEC".

O ministro participou de audiência pública conjunta na Câmara dos Deputados onde respondeu por mais de seis horas os questionamentos de parlamentares das comissões de Educação; Fiscalização Financeira e Controle; e de Trabalho, Administração e Serviço Público.

Para a deputada Alice Portugal (PCdoB-BA), o Godoy não teve “estofo” para responder as denúncias de corrupção na Pasta.

“Tivemos a primeira reunião com o quinto ministro da Educação. É uma sucessão de ministros olavistas, bolsonaristas, militaristas ou privatistas e temos uma realidade extremamente difícil, pois a educação foi transformada em um instrumento da guerra cultural de Bolsonaro. O ministro reafirmou e avocou para si todo esse legado do ex-ministro Milton Ribeiro. Naturalmente, ele foi questionado pela chafurdação na lama que o Ministério da Educação se encontra com o superfaturamento de compra de ônibus escolares, com problemas relacionados com gabinetes fantasmas, com supostos líderes religiosos servindo de monitores das ações do ministério em troca de barras de ouro. Infelizmente, ele não teve estofo para responder. Está cada vez mais claro que o Brasil precisa tirar Bolsonaro para que qualquer coisa mude”, afirmou Alice.

A deputada Professora Marcivânia (PCdoB-AP) classificou como “missão inglória” a tentativa de Godoy de defender “o pior legado da gestão da educação pública brasileira”. “Ele ficou numa posição incômoda, porque não podia falar dos ministros que o antecederam e não deu referência do que vai fazer para melhorar os índices educacionais, a universidade pública e a educação básica no Brasil. É o quinto ministro indicado pelo governo, o quarto com mandato, e a educação pública certamente nunca foi tão maltratada. Esse governo precisa entender que um país não se desenvolve quando não valorizamos a educação”, pontuou.

No Plenário da Câmara, o deputado Márcio Jerry (PCdoB-MA) reiterou as críticas das correligionárias. Para ele, “cada vinda de uma autoridade do governo Bolsonaro ao Congresso explicita o tempo perdido”. “Estamos regredindo no processo educacional do nosso país. Precisamos fazer as correções necessárias para atender as expectativas de desenvolvimento do país”, afirmou Jerry ao destacar a necessidade de o governo ouvir os movimentos estudantis e demais entidades ligadas à educação.