A falta de oxigênio nos hospitais de Manaus (AM), nesta quinta-feira (14), marcou mais um capítulo do caos vivido no Brasil na luta contra a pandemia causada pelo novo coronavírus. Enquanto artistas se mobilizavam para comprar cilindros de oxigênio para enviar ao estado e a Venezuela anunciava ajuda, o presidente da República, Jair Bolsonaro, e o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, lavavam, mais uma vez, suas mãos.

Em sua live habitual, Bolsonaro se queixou das cobranças e Pazuello atribuiu o caos no Amazonas ao clima e à ausência de tratamento precoce contra a Covid-19, ignorando, mais uma vez, que não existe eficácia comprovada do uso da hidroxicloroquina contra a doença.

“Bolsonaro e Pazuello têm sangue nas mãos, comandam um genocídio de brasileiros. Merecem sair do governo para a cadeia. Bolsonaro é um maníaco que precisa ser retirado do cargo enquanto ainda há chance para o país. O episódio de falta de oxigênio para os pacientes em Manaus mostra, de maneira dura e fria, que seu governo pratica a necropolítica e trabalha pelo extermínio de vidas. Genocida!”, afirmou o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), em suas redes sociais.

A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) também comentou as declarações. Para ela, se o ministro da Saúde não é capaz de cumprir seu papel e cuidar da população, deveria sair do cargo.

“Ministro, não piore a situação jogando sua responsabilidade no clima e na ausência de um tratamento sem eficácia comprovada. Seu papel é agir em favor do povo e em nome da ciência. Faça chuva ou faça sol. Se optou por negar essa missão, saia!”, declarou.

Jandira lembrou ainda que no último dia 6, a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) protocolou um pedido de impeachment de Pazuello por crime de responsabilidade, negligência e inabilitação no combate à pandemia de Covid-19.

Em nota oficial, a ABI afirma que “Pazuello dá repetidas demonstrações de incompetência, ineficiência e incapacidade para desempenhar as tarefas de seu cargo”.

Para Jandira, Pazuello só se mantém à frente da Pasta porque “cumpre à risca as ordens de um presidente incapaz de coordenar ações que salvem vidas”.

Para a deputada Professora Marcivânia (PCdoB-AP), é incompreensível a forma como este governo lida com as prioridades. “Manaus em um momento desesperador e Bolsonaro faz vídeo em campanha contra a vacina. Precisamos de unidade, de mais racionalidade e empatia”, declarou.

Enquanto Bolsonaro e Pazuello tentavam colocar a conta do caos apenas na gestão do estado, diversos órgãos federais e locais apresentaram na quinta-feira (14) à Justiça Federal de Manaus uma ação civil pública em que afirmam que a responsabilidade é do governo federal e que cabe à União assegurar o fornecimento regular de oxigênio para os hospitais.

A ação foi apresentada pelo Ministério Público Federal (MPF); Ministério Público do Estado do Amazonas (MP-AM); Ministério Público do Trabalho (MPT); Ministério Público de Contas (MPC); Defensoria Pública da União (DPU); e Defensoria Pública do Estado do Amazonas (DPE-AM).