O deputado Orlando Silva (SP), vice-líder do PCdoB, protocolou nesta sexta-feira (17), um requerimento para que o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, seja convocado a depor na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara, para que preste esclarecimentos sobre a nota técnica que paralisa a vacinação de adolescentes.

Em um comunicado oficial que foi divulgado na noite da quarta (15), mesmo dia que disse haver “excesso de vacina no Brasil”, Queiroga ignorou a necessidade de ampliar a imunização contra a covid nesta faixa etária, contrariando recomendações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Com o beneplácito do ministro, o governo Bolsonaro enviou uma “nota técnica” às secretarias de Saúde em que afirma ter “revisado” a recomendação e justifica que a maioria dos adolescentes sem comorbidades acometidos pela Covid-19 demonstra evolução “benigna”, apresentando-se assintomáticos. A nota foi publicada no sistema do ministério menos de 24 horas após o início formal da campanha para esse público.

A suspensão da vacinação de adolescentes não passou sequer pelas equipes de especialistas do Programa Nacional de Imunização e da Câmara Técnica do Ministério da Saúde. Os conselhos de secretários de saúde estaduais e municipais também não foram consultados.

Para Orlando Silva, a nota técnica é "absurda" e as condições em que foi adotada precisam ser esclarecidas. "A medida flerta com a morte e vai contra as recomendações da OMS e da Anvisa. INACEITÁVEL!", escreveu no Twitter.

Os motivos para suspender a imunização também não estão claros. Queiroga admitiu na quinta-feira (16) ter conversado com o presidente Jair Bolsonaro para decidir sobre a mudança na recomendação de vacinar adolescentes contra a Covid-19.

Negacionismo

Outros deputados da Bancada comunista usaram as redes sociais para criticar a decisão do governo. A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) disse que o ministro da Saúde "abandona a ciência e adere à cartilha bolsonarista". "Em vez de trabalhar para salvar vidas presta um enorme desserviço e coloca em cheque nosso exitoso Plano Nacional de Imunização. Vacinas são seguras. Vacinas salvam vidas. Vacina para todos!", cobrou.

"No Brasil, da era Bolsonaro é assim: o ministro da saúde recomenda que não se vacine os adolescentes, enquanto a OMS recomenda o contrário", disse a deputada Professora Marcivânia (PCdoB-AP) em mensagem no Twitter.

Já o deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA) foi às redes para criticar a declaração de Marcelo Queiroga sobre o suposto excesso de vacinas no Brasil. "Dar esse tipo de declaração enquanto estados relatam falta de imunizantes para completar o calendário vacinal da população mostra a falta de entendimento e gestão desse governo", pontuou.