Às vésperas do dia do servidor público, comemorado no dia 28 de outubro, parlamentares e representantes de entidades sindicais e do serviço público realizaram um ato, nesta quarta-feira (27), em frente à Câmara dos Deputados para reforçar a luta contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 32/2020, que promove o desmonte do Estado.

Em meio a palavras de ordem e discursos enfáticos contra a proposta, deputados de diferentes legendas destacaram a dificuldade do governo em avançar com o texto no Parlamento graças às mobilizações e pressões dos servidores.

Há pelo menos oito semanas a categoria tem se articulado para manter a pressão na Câmara, nos aeroportos, nas redes sociais contra a matéria, o que tem, na avaliação dos deputados, contribuído para desarticular o apoio à matéria na base do governo.

“Não é de hoje que vemos ataques ao serviço público, porque atingir o serviço público é atingir o Estado soberano, o direito das pessoas. O Brasil está em desgoverno, com presidente indiciado em nove tipificações de crime na CPI. E nós estamos aqui, de alma limpa, defendendo os interesses dos que precisam da creche pública, da saúde pública. Temos um rastro de vitória até aqui. Estamos enfrentando uma quadrilha que quer tirar os precatórios dos professores dizendo que é para pagar R$ 400 a quem precisa, mas sabemos que é o maior calote eleitoreiro. A PEC 32 está quase morta porque estamos lutando, mostrando que ela não serve e agride o povo brasileiro. Ela é o que tem de pior. E isso é graças a esse plantão cívico”, disse a deputada Alice Portugal (PCdoB-BA), que é uma das coordenadoras da Frente Parlamentar em Defesa do Serviço Público.

A líder do PSol, deputada Talíria Petrone (RJ), também reiterou a mobilização popular contra a proposta. “Isso aqui é a prova de que é o povo vai derrubar a PEC 32 e o genocida Bolsonaro. Estamos vivendo um momento dramático, milhões de pessoas com fome, desempregadas e é no meio disso tudo, no meio de uma crise sanitária que já gerou mais de 600 mil pessoas mortas, que a base do governo quer destruir o Estado brasileiro. Não podemos aceitar”, disse.

Desde que foi aprovada em comissão especial, em setembro, a PEC está parada, numa demonstração de que o governo está com dificuldade para obter os 308 votos favoráveis que são necessários para aprovar o texto em turnos na Câmara.

A versão que saiu da comissão especial – aprovada só após mudanças de última hora no colegiado – resgatou pontos que haviam sido derrubados pela Oposição, como o artigo 37-A, que escancara a privatização do serviço público.

“Essa PEC nunca cheirou bem. Ela quer o fim do serviço público e quer privatizar a prestação dos serviços, tirar o direito do povo pobre ao acesso aos serviços essenciais. Não vamos permitir que esse texto avance”, reforçou o deputado Rogério Correia (PT-MG), que também está na coordenação da Frente do Serviço Público.