O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, é alvo de operação da Polícia Federal, nesta quarta-feira (19), que apura exportação ilegal de madeira. O chefe da Pasta chamou a ação investigativa de “exagerada”. A operação Akuanduba fez buscas no Ministério do Meio Ambiente e em endereços do próprio ministro nesta manhã.

A ação tem como objetivo, segundo a PF, apurar suspeitas de crimes de corrupção, advocacia administrativa, prevaricação e facilitação de contrabando que teriam sido praticados por agentes públicos e empresários do ramo madeireiro.

A ação foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e também suspende um despacho do Ibama, de 2020, que, diz a PF, permitia a exportação de produtos florestais sem a necessidade de emissão de autorizações.

O despacho teria sido elaborado a pedido de empresas com cargas apreendidas no exterior e resultou na regularização, segundo a PF, de aproximadamente oito mil cargas de madeira ilegal. O presidente do Ibama, Eduardo Bim, foi afastado do cargo por decisão de Moraes.

Para deputados do PCdoB, a operação demonstra que o combate à corrupção – bandeira de campanha de Jair Bolsonaro –, nunca fora, de fato, foco do atual governo.

“As denúncias de contratações irregularidades feitas na gestão Pazuello e a operação da PF que revela contrabando ilegal de madeira com envolvimento de Salles e do Ministério do Meio Ambiente são mais dois indícios de que esse governo nunca foi para combater a corrupção”, comentou a vice-líder do PCdoB na Câmara, deputada Professora Marcivânia.

A vice-líder da Minoria na Câmara, deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), também chamou atenção para os indícios de corrupção que continuam a cercar o governo Bolsonaro. “Menos de 12 horas e dois indícios fortes de corrupção do governo Bolsonaro. O brasileiro dorme com a denúncia de desvios em obras do ex-ministro Pazuello e acorda com a notícia que o ministro do Meio Ambiente está sendo investigado pela PF por exportação ilegal de madeira. Que sejam investigados!”, destacou.

No pedido enviado ao STF, a Polícia Federal informou ainda existência de R$ 14,1 milhões em transações financeiras atípicas envolvendo um escritório de advocacia ligado ao titular do Meio Ambiente.

Ao autorizar a ação da PF, o ministro Alexandre de Moraes fez menção a um relatório de inteligência financeira do Conselho de Controle das Atividades Financeiras (Coaf) que identificou a movimentação suspeita e disse que a informação requer “maiores aprofundamentos”.

“A investigação nesse caso de exportação ilegal de madeira no Ministério do Meio Ambiente deve ser bem robusta. Além das buscas e apreensões, há quebra de sigilo de Ricardo Salles, suspensão do presidente do Ibama e anulação de um decreto da Pasta. Fecharam a porteira. Péssimo dia para os governistas. Vivem dizendo que não existe corrupção no governo do maior corrupto que já passou pela Presidência. Pois bem. Jornal Nacional revelou corrupção na gestão Pazuello e Ricardo Salles acordou com a PF na porta”, afirmou o vice-líder do PCdoB, deputado Orlando Silva (SP).

Segundo a PF, a apuração teve início em janeiro com base em informações enviadas por autoridades de outros países sobre possíveis desvios de conduta de servidores públicos durante o processo de exportação de madeira.