Depois de uma série de discursos vazios, ameaças, indícios de compra de votos e a mais descarada “dança das cadeiras” na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, a base governista conseguiu o resultado artificial que buscava: o relatório do deputado Sergio Zveiter (PMDB-RJ) foi reprovado.

Com a rejeição do parecer, a comissão abriu novo processo de votação para apreciar um relatório de mérito divergente ao apresentado inicialmente. O voto em separado do tucano Paulo Abi-Ackel (MG) – que recomenda a não autorização para encaminhamento da denúncia contra Michel Temer ao Supremo Tribunal Federal (STF) – substitui a proposta de Zveiter e vai ao Plenário.

Desde que a denúncia chegou à Câmara, o governo substituiu 19 dos 66 integrantes da CCJ, de partidos como PMDB, PR, PTB, PRB e Solidariedade. Para o deputado Rubens Pereira Jr (PCdoB-MA), membro do colegiado, essa é apenas uma das sinalizações do quão contaminado está o resultado.

“A base governista conseguiu apenas sete votos a mais do que o necessário para rejeitar o parecer de Zveiter, e isso fazendo todas as trocas e manobras que fez. A batalha é no Plenário, e lá não há substituições”, avaliou o parlamentar.

Depois da votação na CCJ, o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), reuniu-se com líderes partidários para tratar da tramitação da denúncia. A votação está marcada para o dia 2 de agosto, após o recesso parlamentar regimental.

A líder comunista na Câmara, deputada Alice Portugal (BA), ressaltou a importância da mobilização popular e da pressão social neste momento, “para que a impunidade não prevaleça”.

“Não estávamos julgando Temer hoje, apenas propondo que fosse admitida a denúncia e a licença do presidente para que ele responda perante o STF. Agora é hora de o povo se manifestar. Aproveitar o recesso e ir aos aeroportos, falar com seus deputados, recebê-los nas suas cidades e perguntar se eles vão votar a favor do povo brasileiro, da ética, ou se vão blindar Michel Temer”, provocou a líder.