Dois dias após o anúncio da Petrobras do novo reajuste no preço do diesel, Jair Bolsonaro exonerou o então ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque. Em seu lugar, assume o doutor em Economia Adolfo Sachsida. A troca foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) desta quarta-feira (11).

Na última segunda-feira (9), a estatal informou que o preço médio do combustível teria uma alta de 8,87% nas refinarias. Com o aumento, o preço médio do combustível nas refinarias passou de R$ 4,51 para R$ 4,91 por litro — o repasse aos consumidores depende de políticas comerciais de distribuidoras e postos de combustíveis.

Para a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), com a exoneração de Albuquerque Bolsonaro foge, mais uma vez, do foco do problema e tentar fazer crer que a responsabilidade dos preços elevados é apenas do ex-ministro.

“Bolsonaro quer que as pessoas acreditem que o aumento do diesel é responsabilidade única do ministro das Minas e Energia. Demitiu para que os caminhoneiros pensem que ele não tem nada a ver com esta política equivocada de preços da Petrobras. Bolsonaro sempre culpa os outros”, condenou a parlamentar.

Adotada por Temer em 2016, após o golpe que tirou a presidente Dilma Rousseff da Presidência da República, a política de preços da Petrobras é a vilã dos reiterados aumentos no preço dos combustíveis e do gás de cozinha.

O PCdoB é uma das legendas críticas à adoção da dolarização e da paridade internacional adotadas por Temer e mantida por Bolsonaro. O modelo calcula quanto custaria a venda, no mercado brasileiro, de combustível comprado nos Estados Unidos. Uma conta que só agrada o mercado financeiro e promove a alta do preço dos combustíveis, além do gás de cozinha, sacrificando ainda mais a renda do brasileiro.

“Bolsonaro enganador! Não tem coragem de mudar a política de preços da Petrobras, então terceiriza a culpa. O presidente é ele, a responsabilidade pelo preço dos combustíveis é dele. Sachsida, novo ministro, é um deserto de ideias. De onde menos se espera, daí não sai nada mesmo”, criticou o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP).

Não é a primeira vez que Bolsonaro adota esse recurso. Esta é a terceira vez que há demissão no governo após aumento nos combustíveis. A última foi em março deste ano, quando Bolsonaro exonerou o então presidente da Petrobras Joaquim Silva e Luna como resposta às altas nos preços em vez de enfrentar a mudança na política de preços da estatal.

Em ano eleitoral, o novo reajuste deflagrou no governo uma nova onda de pressões para o lançamento de medidas para conter o preço dos combustíveis.

Antes de ser ministro do MME, Sachsida era um dos principais auxiliares do ministro da Economia, Paulo Guedes, e participa das discussões econômicas desde a equipe de transição. Defensor do ajuste fiscal, ele já foi secretário de Política Econômica e, mais recentemente, ocupava a chefia da Assessoria Especial de Estudos Econômicos.

O novo ministro usou as redes sociais para agradecer Bolsonaro "pela confiança", Paulo Guedes "pelo apoio" e Albuquerque "pelo trabalho em prol do país".