A morte do miliciano Adriano da Nóbrega, ex-policial com estreitas ligações com a família Bolsonaro, baleado domingo (9) no interior da Bahia, repercutiu no plenário da Câmara na noite desta terça-feira (11). Vários deputados ocuparam a tribuna para falar do crime.

Ex-integrante do Bope, que foi expulso da PM em 2014 por envolvimento com chefes da contravenção, Adriano chefiava o Escritório do Crime – central de assassinatos por aluguel da milícia do Rio de Janeiro.

Nos últimos 20 anos, a trajetória do miliciano se cruzou algumas vezes com a do senador Flávio Bolsonaro, filho mais velho do presidente da República.

O senador já fez homenagens ao ex-policial — quando era deputado no Rio — e empregou em seu gabinete na Alerj (Assembleia Legislativa do RJ) a mãe e a mulher dele. O criminoso também é suspeito de envolvimento no caso do assassinato da vereadora Marielle Franco.

Por esse motivo, os questionamentos sobre as relações entre a milícia e o clã Bolsonaro.

Segundo o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), o assassinato de Adriano da Nóbrega, nos termos que se deu, “é um fato gravíssimo”. “É um fato que ganha contornos políticos e é necessário que o clã Bolsonaro, pelas relações de intimidade explícita, tem que responder à sociedade brasileira”, cobrou o deputado da tribuna.

Orlando lembrou ainda que, quando deputado federal, o próprio Jair Bolsonaro “teceu loas ao chefe do Escritório do Crime” no plenário da Câmara dos Deputados.

“Há uma perplexidade na sociedade brasileira diante de um crime que chegam a dizer até que poderia ser queima de arquivo. É muito grave o que aconteceu”, frisou. Para o parlamentar, o povo brasileiro precisa ter explicações a respeito da “relação promíscua” entre lideranças políticas e o crime organizado no Rio de Janeiro.

A deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC) também fez referências ao assassinato do miliciano, quando abordou a questão da violência no Acre. Ela destacou que, a exemplo do seu Estado, a situação da segurança pública no Brasil se agrava a cada dia, sem que sejam tomadas medidas efetivas pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro.

“Agora, a situação que se agrava cada vez mais, com o assassinato de milicianos, que tudo indica seja queima de arquivo”, observou.

A parlamentar lamentou que o ministro ainda não veio a público se manifestar a respeito da morte do ex-policial, mas preferiu usar suas redes para falar de outros temas – como a falta de programas infantis na televisão. “Enquanto se queimam arquivos da família Bolsonaro, o ministro Sergio Moro está no Twitter pedindo a volta de alguns desenhos animados”, disse.