A bancada do PCdoB na Câmara reagiu com indignação às declarações de Roberto Alvim, secretário especial de Cultura de Jair Bolsonaro, que na quinta-feira (16) divulgou um vídeo com conteúdo nazista. No vídeo, o secretário macaqueia o ministro da propaganda de Hitler, Joseph Goebbels, ao som de Richard Wagner, músico venerado pelo Führer.

O líder do partido, Daniel Almeida (BA), considerou que usar referências nazistas em discursos é um ato de violência contra a democracia e a soberania nacional.

“Não podemos admitir tal absurdo. Roberto Alvim precisa ser afastado urgentemente, qualquer coisa diferente disso é inaceitável”, cobrou o líder.

Para a líder da Minoria na Câmara, deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), o sentimento gerado com o vídeo de Alvim é de asco.

“Percebe-se uma arrogância típica dos ignorantes autoritários. Quem disse a eles que a arte e cultura brasileiras começam com este governo? Quem deu o direito de julgar qualidade e conteúdo das obras artísticas brasileiras?”, indagou a deputada.

“O absurdo chegou ao inaceitável, virou crime e ofensa ao Brasil. O Secretário de Cultura do governo Bolsonaro plagiou declarações de Goebbles, ministro da propaganda nazista e braço direito de Hitler. É caso de demissão sumária e interpelação judicial”, disse o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP).

Vice-líder do PCdoB na Câmara, deputado Mário Jerry (MA), anunciou que no retorno do trabalho da Casa o secretário será convocado a dar explicações.

“Silenciar diante da monstruosidade desse secretario é ser cúmplice dele. Que se manifestem os bolsonaristas. É isso mesmo? Já podemos chamá-los de nazistas?”, protestou.

Demissão

A reação ao pronunciamento foi imediata na sociedade e no meio político. Sob forte pressão, após a repercussão negativa das declarações de seu secretário, Bolsonaro teve que demitir Alvim do cargo nesta sexta-feira (17). O afastamento do secretário especial de Cultura foi confirmado pela assessoria de imprensa da pasta que ele dirigia.

Segundo a deputada Perpétua Almeida (AC), caso Bolsonaro não o demitisse “estaria manchando a memória dos combatentes de guerra que lutaram contra os nazistas”.

“Tanto os pracinhas, heróis da FEB (Força Expedicionária Brasileira) que lutaram no front, quanto os soldados da Borracha, heróis da Amazônia, que cortaram seringa para ajudar no esforço de guerra”, assinalou.

Mais cedo, a parlamentar tinha usado sua conta no Twitter par dizer que o secretário deveria responder por crime previsto no parágrafo 1º, do artigo 20, da Lei 7.716/1989, prevê pena de reclusão de dois a cinco anos para quem “…veicular ou propaganda que utilizem a cruz suástica… para fins de divulgação do nazismo”.

Ao comentar a demissão do ex-auxiliar de Bolsonaro,  Orlando Silva definiu bem o motivo. “Alvim não caiu pela opinião abjeta, que infelizmente encontra amparo nesse desgoverno. Caiu por expressá-la”, afirmou o parlamentar.