Diante das denúncias de corrupção envolvendo seu governo e mazelas sociais como desemprego e fome, Bolsonaro desvia o foco dos reais problemas do país e ataca a democracia. Em discurso a apoiadores, que se reuniram neste final de semana em algumas capitais, o presidente defendeu o voto impresso e voltou a colocar em dúvida a realização das eleições em 2022. Em live, ele já admitiu não ter provas de fraude no atual sistema eleitoral por urnas eletrônicas.

O ânimo no parlamento, contudo, é no sentido de dar uma basta a essa pauta de Bolsonaro. Com muita chance de ser derrotada, a proposta de emenda à Constituição (PEC) do voto impresso será votada na comissão especial da Câmara dos Deputados no próximo dia 5.

O líder do PCdoB na Câmara, Renildo Calheiros (PE), diz que o presidente insiste em repetir que “eleições limpas” só com voto impresso. “Essa insistência não passa de pretexto e da construção de uma narrativa para não aceitar o resultado das eleições, já que está vendo que suas chances de vitória estão cada vez menores”, avaliou.

A vice-líder da minoria na Câmara, deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), destacou que as urnas eletrônicas já são auditáveis e são vários mecanismos que garantem a segurança e transparência do sistema. “Boletim de urnas, aplicativo pardal, teste público de segurança, mesários, fiscais eleitorais e delegados partidários. Nossas urnas são absolutamente seguras”, afirmou.

“É uma tecnologia usada há 25 anos sem nenhuma fraude comprovada. Nosso sistema eleitoral, com 500 mil urnas eletrônicas com várias etapas públicas de fiscalização, é um orgulho para os brasileiros”, completou.

Para o vice-líder do PCdoB na Câmara, Orlando Silva (SP), as manifestações a favor do voto impresso foram um fiasco. “Parece que o gado resolveu pastar em outra freguesia e deixou o mito na mão. O voto impresso já era, assim como o orelhão com ficha e a máquina de datilografar”, disse.

“Meia dúzia de anencéfalos foram pedir a volta do voto de cabresto. Obrigado pela burrice. A falta de apoio ajuda ainda mais nossa missão de derrotar essa palhaçada. O Brasil não vai voltar para a República Velha. Vai tarde, Bolsonaro!”, postou o deputado no Twitter.