O ex-ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), José Eduardo Cardozo, entregou nesta quarta-feira (1), a defesa prévia da presidenta Dilma Rousseff ao Senado. No documento, além dos argumentos já apresentados, Cardozo pede a anexação ao processo da delação de Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro, e de suas gravações com os peemedebistas Romero Jucá (RR), Renan Calheiros (AL) e José Sarney (MA).

Segundo Cardozo, as gravações divulgadas pela imprensa demonstram que o afastamento de Dilma se deu pelo fato de a petista não ter interferido nas investigações da Operação Lava Jato. Em pelo menos duas das conversas – com Jucá e Sarney –, Sergio Machado deixa clara a intenção.

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“Fica claro e nítido que existe uma intenção manifesta que o novo governo que viesse suceder o de Dilma Rousseff fizesse uma pactuação entre os Poderes para que a Lava Jato pudesse ser interrompida. Uma expressão usada nas gravações é: temos que acabar com essa sangria”, afirma Cardozo, em referência a uma expressão utilizada por Romero Jucá na conversa com Machado.

Para o líder da Bancada do PCdoB na Câmara, Daniel Almeida (BA), a defesa de Dilma é contundente e as gravações de Machado são forte instrumento de desqualificação política de quem votou a favor do golpe. “Já havíamos demonstrado que não existiam elementos jurídicos. Agora, conseguimos agregar a questão política envolvida. As gravações de Sérgio Machado com Renan, Jucá e Sarney são uma confissão de quem comandou e executou o golpe. Os áudios deixam claros os objetivos políticos para tirar Dilma. Muitos votaram pelo impeachment só para assumir cargo no governo golpista.”

No entanto, na reunião desta quinta-feira (2) da Comissão Processante do Impeachment no Senado, o relator, Antonio Anastasia (PSDB-MG), sugeriu a rejeição dos requerimentos feitos pela defesa de Dilma, que pediam que o Supremo Tribunal Federal (STF) compartilhasse as gravações. A decisão do relator ainda precisa ser votada pela comissão.